sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Finados

O dia de finados, dia dos mortos é hoje. Essa data, quem comemora é a poderosa igreja católica. Não tenho religião, entretanto, acredito em Deus. Sobretudo porque acredito que exista uma força muito superior que nos rege. Portanto, dedico esse dia criado pela igreja, para meu amado pai.
Sempre desejei escrever algo sobre o "seu" Elizeu, quando ele morreu, ainda tinha menos idade que eu. Posso dizer que hoje sou mais velho que meu pai, ele faleceu com 28 anos, deixou três filhos pequenos e uma esposa sem experiência alguma na vida para administrar a queda do bravo rapaz, um dos caçulas da família Batista.
Lembro com muita clareza e lucidez de meu pai. Eu tinha menos de 5 anos quando se fora. Lembro que um dia me ensinou a plantar caroços de mexerica. Lembro que brincava conosco antes de dormirmos, minha lembrança vai mais longe e consigo enxergar os dias que minha mãe esteve no hospital para dar à luz ao meu irmão mais novo (certa noite, sentamos juntos na cama e eu escolhi o nome do Saulo, prestes a nascer. Eles gostaram e assinaram embaixo). E, enquanto a dona Jussara estava no hospital, meu pai nos banhava, nos alimentava e nos colocava para dormir, a mim e ao Thiago, meu irmão do meio.
Meu blog será pequeno para falar de meu pai - neste momento minhas lágrimas caem..., meu coração aperta e meu desejo ter meu pai ressurge, como ressurge em alguns momentos que me sinto só. Mas tenho força para viver esta vida e falar sem problemas sobre ele, sobre sua morte, sobre nossas vidas até aqui.
O meu verdadeiro desejo é escrever um livro sobre minha vida, e meus cinco primeiros anos terão um capítulo muito grande, serão as lembranças que tenho do patriarca da família Batista-Martins. 
O desejo de citar meu pai aqui vem de alguns anos. Tudo o que escuto sobre ele, gravo na mente, vou arquivando. Todos, em uníssono, falam da figura dele como um bravo guerreiro brasileiro que nunca fugiu das batalhas. Um gigante que tinha o corpo ferido para garantir o sustento da família, levando mercadorias em sacolas, carregando-as nos ombros pelas alças, para vendê-las nas ruas. Foi assim que ele começou.
Um cara que ainda me serve como exemplo para minhas conquistas. Um Batista que nasceu pobre, nasceu discriminado, venceu barreiras e batalhas, constituiu sua família, amava a pátria paulista - tenho sua bandeira até hoje, emoldurada -, tombou, mas tombou de pé. Ninguém poderá sujar a alma de meu pai, sobretudo porque nasceu honrado, e morreu honrado.
Ainda tenho sua face em minhas lembranças, ainda choro por desejar sua presença, ainda sou inconformado por não tê-lo conosco. Mas o Universo sabe o que deseja, sabe porque estivemos, permanecemos, partimos desta grande roda gigante e azul. E nós, meros mortais, não temos o direito de tentar entender. O Universo nos rege.
Portanto, o dia de hoje vai em lembrança à memória de meu pai. Que Deus o tenha em seus braços, e que meus dois pais olhem por mim e por minha família. É o meu desejo desde sempre.